Por Diego Balinhas – APROFURG
Conversas, ensinamentos, encaminhamentos, união, desafios, angústias e desabafos. Assim pode ser definido o “I Seminário Integrado da FURG – A vida Acadêmica em Tempos de Pandemia”. Entre os dias 8 e 12 de novembro, as entidades representativas dos professores(as), técnicos(as) e estudantes (graduação e pós-graduação) juntamente com a gestão da FURG debateram várias temáticas em grupos de trabalho, como as ações de extensão e cultura realizadas durante a pandemia, o teletrabalho, a saúde mental e física de toda a comunidade universitária, entre outros assuntos.
A plenária final começou pontualmente às 19h, da última sexta-feira, dia 12, e foi transmitida no canal do youtube da FURG. Representando os(as) alunos(as), Gilberto Rech (DCE) e Fabiane Fonseca (APG), Celso Carvalho (Aptafurg), Marcia Umpierre e Sabatha Dias (Aprofurg) e a pró-reitora graduação da FURG, Sibele Martins. O primeiro momento da plenária foi marcado pela leitura de uma síntese dos grupos de trabalho, de tudo o que foi discutido em cada um dos temas.
Sobre o tema 1 “Ensino e Aprendizagem”, assuntos como tecnologia, conflito com atividades domésticas e relações robóticas fizeram parte da síntese. “Dificuldade no uso da tecnologia, plataformas e outros recursos digitais; aparelhos eletrônicos que estragaram, desespero com a falta de conectividade e/ou quando os equipamentos não funcionam. Problemas e desafios em conciliar, no mesmo ambiente, a sala de aula e vivências pessoais, com constante sentimento de invasão. Perda do contato, do olho no olho. Invisibilidade provocada pelo excesso das telas. Reafirmação do modelo típico do capitalismo nocivo: o individualismo”, foram alguns pontos abordados pela pró-reitora de graduação da FURG, Sibele Martins, ao relatar o resumo do tema 1.
Já o tema 2 “Saúde Mental e Física”, também destacou o conflito com as atividades domésticas e tecnologia. “Insegurança quanto à adaptação aos meios digitais; Muito tempo trabalhando na frente de um computador; Excesso de atividades acadêmicas, mais o excesso de atividades das mulheres, que acabam lidando com inúmeras outras questões. A casa que deveria ser um lugar de aconchego, acaba se tornando um ambiente de estresse pois não conseguimos separar o trabalho do descanso. Invasão do espaço particular”, explicou o integrante do DCE, Gilberto Rech.
O tema 3 tratava sobre “Pesquisa na Pandemia”. “Os prazos estendidos de realização de pesquisas não suficientes para manter a qualidade das pesquisas; prazos de bolsas não estendidos proporcionalmente; uso de tecnologias remotas não satisfatório para a participação nas pesquisas e na formação dos estudantes pesquisadores; pesquisa qualitativa afetada negativamente, assim como encontros para debate dos resultados das pesquisas; pesquisa online considerada muito desgastante”, disse a diretora da Aprofurg – Seção Sindical do ANDES-SN, Sabatha Dias.
O tema 4 era sobre “Extensão Universitária na Pandemia”. Os pontos foram abordados pela presidenta da Aprofurg, Marcia Umpierre. “ A extensão universitária não parou durante a pandemia, em muitos casos se readaptando; Os projetos eles cumpriram com seus objetivos, com resultado satisfatório; A extensão universitária é a expressão do compromisso social da universidade com a sociedade; Os extensionistas da FURG prestaram “socorro” na área da saúde, produção de álcool, ações de segurança alimentar, etc. Extensão como essencialidade na pandemia – produção de insumos para os municípios”, comentou Marcia.
A síntese do tema 5 “Participação, Democracia e Assédio” também foi lida pela professora Sabatha Dias. “Sentimento de fragilidade, na fala de discentes, em relação a relatos feitos sobre abusos de professores. Para além, uma vez feita a denúncia, a perspectiva posta é o convívio como assediador(a). Também é registrada a existência inversa a partir das redes sociais, com publicações falsas. Também aqui aparece o racismo. O combate a estas situações pode materializar-se a partir da participação e na construção de políticas concretas de combate ao racismo, homofobia, xenofobia, transfobia, assédio moral/sexual, etc…Surge aqui a importância do fortalecimento dos movimentos sociais”, ponderou Sabatha.
O penúltimo tema do Seminário foi o “Retorno Presencial ou Híbrido, Segurança Sanitária” e foi apresentado pela integrante da Associação de Pós-Graduandos da FURG (APG), Fabiane Fonseca. “Desafios das atividades remotas: Dificuldades estruturais (espaço físico, equipamentos e conhecimento tecnológico), pedagógicas (falta de interação, materiais de estudo exclusivamente virtuais, foco na formação tecnicista) e de acesso (desigualdade social, de gênero e racial para permanecer nesse formato remoto, falta de suporte para “alunos pandêmicos. Possibilidades das atividades remotas ou híbridas: Possibilitou continuar as atividades acadêmicas sem risco de contaminação; Melhoria no desenvolvimento e uso das plataformas digitais; Possibilidade de participação em atividades acadêmicas em outros locais, sem custo de tempo e recursos”.
Por fim, o último tema discutido pela comunidade universitária foi o “Tele-trabalho”. “A tendência do teletrabalho não é nova, mas foi acelerada pela pandemia. Proporciona o corte de custos para o empregador, mas o aumento de gastos para o funcionário; O tele-trabalho causa impessoalidade e possivelmente o excesso de labor, visto que os horários ficam mais flexíveis. Exige muita autonomia. Se mescla à vida pessoal. A universidade, como uma organização complexa, não tem como absorver o tele-trabalho no conjunto de suas atividades; Impacta a coletividade e a interatividade humana negativamente”, explicou o representante da Aptafurg, Celso Carvalho.
As sínteses foram apenas alguns apontamentos discutidos em cada grupo de trabalho, através de leituras densas e vários encaminhamentos. Segundo a organização do Seminário, um relatório completo sairá em breve, que será disponibilizado no site da universidade, bem como nos perfis e sites de todas as entidades.
AGRADECIMENTOS
A parte final da live ficou a cargo dos agradecimentos da gestão e de cada uma das entidades. “Queria agradecer a todos os colegas que nos ajudaram a organizar o evento, agradecer aos colegas da mesa, um bom longo período de organização de debate para chegar nas principais temáticas, e foi um consenso esses temas, que já emergiam nos diferentes espaços, falar sobre assédio, participação e democracia, retorno presencial e híbrido, falar sobre a questão mental, quem não ficou afetado, todos nós tivemos que nos adaptar para este momento”, destacou Sibele Martins, representando a gestão da FURG.
A representante da APG, Fabiane Fonseca de despediu logo em seguida. “O evento cumpriu e mostrou que democracia e participação não se faz com formulário e sim com seminário, com participação das pessoas, e com espaços para as pessoas falarem e serem ouvidas. E agora, o que faremos? As entidades eu não tenho dúvidas que farão luta. Fica aqui o chamado e a importância do fortalecimento das entidades, para tirar do papel e construir uma universidade cada vez melhor”, ponderou.
O DCE-FURG também ficou muito satisfeito com as discussões. “Foi uma luta construir esse espaço democrático. A gente consegue ver pelas sínteses que as respostas foram frutíferas e podem ajudar muito no retorno da universidade, que sem dúvida será muito desafiador”, explicou Gilberto Rech.
Os técnicos e as técnicas da universidade foram representados por Celso Carvalho (Aptafurg). “Queria agradecer por poder participar desse grupo, e quero parabenizar os que assistiram e participaram do evento, quero lembrar também que o seminário era aberto para toda a comunidade, e quero parabenizar esses também. Estamos de parabéns porque construímos em um ato de resistência, estamos em um período em que a universidade é atacada de todas as formas, onde a ciência não tem lugar, e a universidade sobrevive, e os movimentos resolveram dar mais um passo. Desde 2016, estamos unidos e estamos resistindo nisso”, disse Carvalho.
Para fechar o evento em nome da Aprofurg – Seção Sindical do ANDES-SN, a presidenta do sindicato destacou o espaço de diálogo criado pelos grupos de trabalho. “Quero agradecer a todas e todos, principalmente aqueles que acreditaram, as pessoas que participaram e nos emocionaram, e que este era efetivamente era um espaço de escuta, diálogo e de confissões. A gente sabe da realidade de alguns, de pessoas próximas, mas ouvir outras pessoas, que imaginávamos que existiam, e concretizando esses elementos através dos relatos foi emociante”, avaliou Marcia. A presidenta ainda trouxe alguns elementos reflexivos para a plenária final. “A palavra que eu usei muito na sala foi humanização, pois estamos desumanizados, precisamos pensar isso dentro da universidade, e estamos esquecendo esse papel”, concluiu.
Ao término de todas as falas, uma surpresa aconteceu. O pró-reitor de Extensão e Cultura (Proexc), Daniel Prado apareceu e trouxe a arte através da música vento negro, de José Fogaça, que traz inúmeras metáforas na letra.