Pesquisa na Pandemia é tema de debate entre a comunidade acadêmica da FURG
Por Tiago Collares
Uma roda de conversa on-line sobre pesquisa na pandemia deu continuidade as discussões do I Seminário Integrado FURG – A vida acadêmica em tempos de pandemia, na manhã desta quarta-feira (10).Mediado por Letícia Falcão, graduanda de Agroecologia pela Universidade Federal do Rio Grande, Campus São Lourenço do Sul, o GT proporcionou a reflexão e um amplo debate sobre o tema a partir do relato de experiências acadêmicas no contexto da Covid-19.
Um público bastante diverso contribuiu com a plenária, que contou com a presença de pessoas que estão iniciando a sua trajetória acadêmica em um curso de graduação, na pesquisa acadêmica, técnicos administrativos em educação, além de professoras e professores com mestrado e doutorado, que expuseram o quanto o trabalho à distância impactou no desenvolvimento das suas pesquisas.
“Fiquei curiosa em saber como se desenvolveram as pesquisas das pessoas neste momento da pandemia”, comentou Bruna Alfenas, graduanda do primeiro ano de Artes Visuais Bacharelado da FURG, ao justificar a sua participação no encontro. Isabella Araújo, graduanda de Comércio Exterior no Campus Santa Vitória do Palmar da FURG, destacou a mesma expectativa. “Estou aqui para ouvir o que vocês tem para falar. Observar as experiências. Não participo de nenhum grupo, mas me interessei pelo debate por conta da elaboração do meu TCC, que já é uma pesquisa”, pontuou.
As alunas, que também destacaram a atualidade do tema em discussão, reforçaram a importância de espaços de diálogo como os propostos pelo seminário, especialmente, para quem está ingressando na universidade e, consequentemente, na pesquisa acadêmica.
Professora dos cursos de Educação no Campo e Letras do Instituto de Educação do Campus São Lourenço do Sul da FURG, Janaína Lapuente resumiu a pesquisa na pandemia como “um momento de efervescência”. Na sua fala compartilhou alguns resultados de uma grande rede organizada pelo grupo de pesquisa Alfabetização e Letramento, ao qual faz parte, que reuniu 29 universidades para o estudo do ensino remoto e da Política Nacional de Alfabetização. Segundo a professora, uma articulação que envolveu pesquisadoras e pesquisadores do Brasil inteiro, no formato on-line, e que contou com um retorno de mais de 15 mil docentes que responderam os questionários aplicados. Uma das conclusões foi o aumento da carga de trabalho. “A casa é viva e chama outras demandas”, argumentou a professora.
Ozelito Amarante Junior, professor do Instituto de Oceanografia da FURG, fez uma síntese das dificuldades das pesquisadoras e pesquisadores, especialmente, daqueles que dependem de análises de campo. Pesquisador na área de contaminantes emergentes, como fármacos, perfumes, filtros solares e pesticidas, relatou os desafios para a coleta e análises de materiais no período pandêmico. A cobrança e a necessidade de adaptações ao chamado “novo normal” também foram destaques na sua manifestação, em tom de desabafo. “Minha área é campo e não tinha a menor condição de fazer isso. Os níveis de exigência e de cobrança continuaram os mesmos na pesquisa acadêmica, apesar das dificuldades e cuidados necessários impostos pela pandemia. Transformei um quatro de hóspedes em escritório de trabalho, mas tem muita gente que não conseguiu fazer isso. Para muitos, o escritório de trabalho foi a mesa de jantar que dividia com a família”, concluiu.
O técnico administrativo em Educação, Edi Junior, lotado no Instituto de Oceanografia, acompanhou o relato do seu antecessor e ressaltou os obstáculos vivenciados pelos servidores e servidoras. “Tive dificuldades, no início, com a mistura da casa com o trabalho. O retorno ao modelo presencial me deu um fôlego! Vou para a universidade e resolvo as coisas tudo lá. O meu trabalho é essencialmente presencial”, salientou. O servidor também afirmou que, no modelo remoto, a carga de trabalho era maior. “A elaboração das vídeo-aulas, por exemplo. Para mim, era trabalho dobrado ou triplicado. Preparar, gravar, editar a aula. O que ocuparia, talvez, um turno em uma condição normal levava dois, três dias para finalizar o material”, finalizou.
A síntese das manifestações do GT foi compilada em um relatório, que será encaminhado e apreciado pela universidade.